Eu

by - outubro 29, 2017


Falar de mim é sempre uma novidade.

A cada dia me sinto uma nova e diferente pessoa.

E escrever sobre mim é mais difícil ainda.

A cada poema eu preciso morrer.

Eu escrevo dor: a dor da alma, da agonia, da tristeza.

É preciso senti-la.

Mas, no ponto final do último verso no ultimo parágrafo, eu ressuscito.

A realidade é um choque de reanimo.

Talvez, por eu morrer e nascer constantemente a cada fim, é que não me conheço o suficiente para me compreender a cada recomeçar.

Vivo a me descobrir e a cada descoberta fico ainda mais confusa de mim.

Minha "loucura" é escrita em desabafo do meu atordoante íntimo.

Dizem que escrever é coisa de louco.

Nenhum alucinógeno causa sensações mais ilustres como as do meu mundo surreal.

Meu exílio é feito da minha própria sombra. Refugio-me nesta ausência do dia.

Alimento-me da noite.

E aqui, deixo não apenas minhas palavras, mas a pergunta: quem eu sou?

Não receiem em dizer-me a verdade. Esta fere, mas já não me é problema.

Acostumei-me a viver machucada. Desejo suas sanidades psíquicas nesta tentativa de mim.

Enquanto isso serei como sempre fui: apenas milhares de partículas de átomos, perdida em milhares de partículas de palavras.




Autor (a): Emanuela Vieira

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